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SEGUROS| 30.11.2022

A América Latina e o desafio de superar sua lacuna de proteção seguradora

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Com uma amplíssima extensão que abrange da Patagônia até a fronteira com os Estados Unidos, e mais de 600 milhões de habitantes, a América Latina é uma região muito diversa, mas os vinte países que a compõem têm muitas características em comum, entre as quais se encontra sua estrutura econômica. Também é assim no mundo dos seguros, e ao analisar os números do setor em comparação com os do resto das regiões, pode-se observar que a América Latina é ainda uma região pouco segurada.

O peso dos seguros na economia latino-americana é de 3% do PIB, menos da metade que a média mundial. A tendência da última década foi de crescimento do setor, mas as dificuldades econômicas e a crise da covid frearam o impulso na redução da lacuna seguradora. A importância deste aspecto reside em que o desenvolvimento dos seguros costuma andar lado a lado com o progresso econômico e social, e em geral os países mais desenvolvidos têm um maior nível de seguridade em relação à sua economia.

A relação entre economia e seguros

Como afirma Manuel Aguilera, diretor geral da MAPFRE Economics, “existe uma clara correlação empírica entre o grau de desenvolvimento de uma economia e a entrada do seguro”. Quanto maior é a presença do seguro na economia (isto é, que uma maior gama de riscos se encontrem protegidos mediante o mecanismo de compensação do seguro), o consumo e o investimento, os motores do crescimento econômico, encontram menores dificuldades para operar, gerando assim maior riqueza, segundo explica o economista.

“Por isso, é claro que uma maior presença do seguro na América Latina redundaria em um maior impulso para a atividade econômica da região e, com esta, nos níveis de bem-estar de sua população”, conclui Manuel Aguilera. A relação entre economia e seguros dá-se também em um duplo sentido, já que o setor se caracteriza por uma demanda muito elástica: quando a economia se expande, se expande também a demanda de coberturas de seguros.

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A entrada do seguro (prêmios em relação ao PIB) na América Latina varia por países, como se observa no relatório da MAPFRE Economics sobre a atividade na região. Neste aspecto, destaca-se Porto Rico, com uma entrada de 16,5%, pela importância que têm na ilha caribenha as coberturas sanitárias. Bem longe no Chile, o setor segurador engloba 3,6% da sua economia, no Brasil, 3,1% e na Colômbia, 3%. O grosso dos 19 países analisados pela MAPFRE Economics encontra-se no intervalo entre 2,9% e 1,5%. Os três países onde os seguros têm um menor peso econômico são a Guatemala, com 1,3%, Venezuela, 1,2%, e Paraguai, onde os prêmios englobam 1,1% do PIB do país.

Este nível de seguridade na América Latina é baixo em comparação com a média, que é de 6,8%. Entre os países mais desenvolvidos, os que mostram uma maior entrada são a Grã Bretanha (11,1%), Estados Unidos (11,7%) e França (9,5%), além de outros mercados com menos população e com muito peso do setor financeiro, como Hong Kong (19,6%). Seguem outros países como (9,1%), Alemanha (6,5%) e Espanha (5,1%). Mas o índice de prêmios de seguros em relação à economia também é mais elevado em outras nações emergentes. A MAPFRE Economics mostra o caso da Índia, onde a entrada ficou no ano passado em 4,2%.

O que limita o desenvolvimento dos seguros na América Latina?

Mais além dos vaivéns econômicos, há fatores estruturais que limitam a expansão do setor na América Latina. O diretor geral da MAPFRE Economics identifica quatro causas principais:

  1. O próprio ritmo de crescimento econômico, que ficou lento especialmente na última década, gerando uma menor dinâmica no aumento da entrada de pessoal disponível.
  2. A inequitativa estrutura de distribuição da renda nos países da região, que limita a capacidade de consumo de serviços financeiros por parte de um amplo setor da população.
  3. O ainda incipiente grau de educação financeira que impede a famílias e empresas de alcançar maiores graus de conscientização em relação à necessidade de proteger-se perante riscos e do impacto que estes têm sobre a vida social e econômica dos países.
  4. A muito limitada faixa de implementação de políticas públicas orientadas a empregar o mecanismo do seguro como um instrumento para impulsionar objetivos sociais e econômicos nos países.

A tendência a médio prazo foi positiva

Em 2021, o volume de prêmios de seguros na América Latina ficou em quase 150 bilhões de dólares. Para mostrar o peso do setor no conjunto da economia latino-americana, o PIB do Equador nesse ano rondou os 106 bilhões de dólares. Apesar disso, a MAPFRE Economics estima que o nível de seguridade “economicamente necessário e benéfico para a sociedade” seria 2,7 vezes o volume atual, até os quase 400 bilhões de dólares. Essa diferença é o que o serviço de estudos econômicos da MAPFRE denomina como lacuna de proteção do seguro.

Latinoamérica

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Em termos relativos, essa lacuna reduziu-se na última década, quando a entrada do seguro no conjunto da América Latina passou de 2,5% a 3%. Este avanço deu-se porque o crescimento da atividade seguradora foi superior ao da atividade econômica geral, em um período que, especialmente na segunda metade, foi complexo para muitos países da região. A crise da covid, mais recentemente, interrompeu o crescimento do setor segurador.

 

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