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SUSTENTABILIDADE| 08.09.2021

A inteligência artificial nos salvará de desastres naturais

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A capacidade de analisar uma grande quantidade de dados é o que permite que os sistemas de inteligência artificial tenham a capacidade de prever possíveis desastres naturais antes de acontecerem, evitando a perda de vidas humanas.
Ao longo da história, muitos avanços tecnológicos serviram para proteger a vida dos seres humanos de ameaças que os colocavam em perigo. E, geralmente, isso era feito de uma forma reativa, ou seja, depois que ocorria um desastre, eles agiam o mais rapidamente possível para minimizar os problemas e somente depois tomar as medidas para a ocorrência de um novo desastre.

No entanto, em relação aos desastres naturais, a melhor defesa é se antecipar aos acontecimentos, algo que era impossível até o surgimento da inteligência artificial e do big data. Essas tecnologias não somente permitem a análise de uma enorme quantidade de dados, mas também são capazes de interpretá-los, prevendo o que vai acontecer.

 

Ensinar as máquinas

Ao mesmo tempo que conferem às máquinas a capacidade de aprendizagem para ajudar empresas e negócios a satisfazerem as possíveis demandas do mercado, elas estão trabalhando para que aprender a conhecer como a natureza “funciona”. O objetivo é prever possíveis desastres, muitas provocados pelas mudanças climáticas que provavelmente continuarão acontecendo nas próximas décadas.

Para isso, são compilados todos os tipos de dados, tanto de desastres semelhantes quanto de situações habituais, de forma que o sistema trabalha no desenvolvimento de modelos preditivos, que permitem uma tomada de decisões antecipada, ajudando a minimizar as perdas humanas em um primeiro momento e, posteriormente, as ambientais e econômicas. É importante levar em conta que os desastres naturais são responsáveis por prejuízos anuais de 520 bilhões de dólares, bem como de muitas vidas, além de proporcionar um aumento da pobreza.

Projetos para prever enchentes

Em razão da grande utilidade de sistemas de IA capazes de prever os acontecimentos, há diversos tipos de projetos (muitos em fase piloto) no mundo aproveitando as vantagens dessa tecnologia para avançar bastante na resposta a possíveis desastres naturais.

Uma das empresas investindo nesse segmento é a Fujitsu, que está trabalhando no desenvolvimento de tecnologia com a missão de prever enchentes como consequência do transbordamento dos rios. O projeto tem base no Japão, levando em conta que nesse país ocorreram diversos casos de regiões afetadas pelo aumento do leito dos rios em razão das grandes chuvas. Com a IA eles pretendem não somente prever possíveis chuvas, mas também o aumento dos rios e, assim, informar as autoridades competentes para que tomem as medidas cabíveis.

A Google, em seu programa Google Public Alerts também está trabalhando nas potenciais enchentes. A empresa usou a inteligência artificial em um projeto que está sendo realizado na Índia. Como no caso da Fujitsu, o objetivo é a detecção de possíveis enchentes, para ajudar a Comissão Central da Água da Índia, órgão com o qual colaboram, a antecipar catástrofes que todos os anos provocam muitos prejuízos e perdas. No momento, a iniciativa está sendo realizada na região de Patna, mas o objetivo é que, em um futuro próximo, possa ser utilizada em qualquer lugar do mundo.

Yossi Matias, VP de engenharia da Google, explica como funciona a IA: “Analisa vários elementos, de eventos históricos, leituras de nível dos rios, terreno, até mudanças na elevação de uma área específica. Com essa informação, criamos modelos de prognóstico de cheias nos rios que podem prever, com maior precisão, não somente quando e onde uma enchente poderá ocorrer, mas também a gravidade do evento”.

Projetos para prever incêndios

Do outro lado das enchentes, mas igualmente catastróficos, estão os incêndios. E também há diversos projetos em andamento para sua prevenção. Um deles está sendo realizado pelo Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas dos Estados Unidos, que emprega tecnologia capaz de prever e administrar desastres naturais como graves incêndios florestais.

Para isso, são analisados todos os tipos de dados, da mesma forma como é feito no Bee2Fire Detection, um projeto baseado em IA da IBM para evitar esse tipo de catástrofe ecológica. Nesse caso, são compiladas e analisadas informações como temperatura, umidade relativa do ar e direção dos ventos para compará-las com outros incidentes anteriores e poder antecipar eventuais problemas.

Dados, dados, dados…

Para que os sistemas, com a aplicação da inteligência artificial, aprendam e reajam a possíveis eventos naturais, é essencial a obtenção de grandes quantidades de dados de todos os tipos de fontes. E somente será possível chegar a conclusões válidas por meio de uma análise detalhada.

Por essa razão, o Projeto Disasters Risk Reduction (DRR) do EO4SD (Observação da Terra para o Desenvolvimento Sustentável) da Agência Espacial Europeia (ESA) se baseia nos dados reunidos por satélites de observação e todos os tipos de tecnologias de monitoramento. Essas serão as principais formas de tirar conclusões que serão levadas em conta na hora de prever possíveis desastres naturais de todos os tipos: de terremotos e enchentes a estiagens, tsunamis ou até tempestades que podem causar grande destruição.

“São enormes as vantagens oferecidas pelas imagens de satélites: permitem reunir, de forma rápida e detalhada, uma ampla variedade de parâmetros como a distribuição e a densidade da população, o tipo de edificações e infraestruturas existentes, os recursos disponíveis, o tipo de vegetação, a elevação e grau de inclinação do terreno etc. Ao cruzar essas informações com séries históricas de imagens de satélites e de dados reunidos no local, é possível saber, por exemplo, quais regiões podem ser atingidas por uma enchente, em quais populações e infraestruturas terá maior impacto, quais áreas podem sofrer deslizamentos de terras, quais vias de evacuação poderão ser usadas…”, explica a Indra, companhia espanhola que faz parte do grupo de empresas trabalhando neste projeto.

Não somente os desastres naturais

As aplicações da IA para lidar com os desastres naturais são somente algumas das opções que podem ser usadas com o objetivo de proteger as vidas humanas. Não por acaso, o relatório Inteligência artificial e economia circular: a IA como ferramenta para acelerar a transição, realizado pela Ellen MacArthur Foundation, em colaboração com a Google e com o apoio analítico da McKinsey & Company, sugeria que a inteligência artificial pode ser essencial para evitar os grandes desperdícios do sistema alimentar e, assim, alcançar uma economia de 127 bilhões de dólares anuais. “Unir o potencial da inteligência artificial com a economia circular representa uma importante oportunidade, em grande parte desperdiçada, para explorar um dos setores tecnologicamente mais avançados do nosso tempo, no esforço de transformar radicalmente a economia em um modelo regenerativo, resiliente e adequado no longo prazo”, explicam no relatório.