MAPFRE
Madrid 2,276 EUR 0,03 (+1,16 %)
Madrid 2,276 EUR 0,03 (+1,16 %)

SAÚDE| 09.12.2020

Vacinas: uma prova de resistência 

Thumbnail user

Em um debate on-line promovido pela Fundación Alternativas e moderado por Mariano Barbacid, chefe de oncologia do Centro Nacional de Pesquisas Científicas Oncológicas e coordenado pelo jornalista científico e vice-presidente da Associação Nacional de Informadores de Saúde (ANIS), Emilio de Benito, um grupo de especialistas renomados do Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC) analisou a situação atual às vésperas da autorização do uso da vacina da Pfizer e da BioNTech.

Luis Enjuanes, pesquisador do CSIC no CNB-CSIC e diretor do laboratório de Coronavírus do Centro Nacional de Biotecnologia (CNB); Vicente Larraga, pesquisador do CSIC no CIB-CSIC (Centro de Pesquisas Biológicas Margarita Salas); Mariano Esteban, pesquisador do CSIC no CNB-CSIC e Chefe do Grupo de Poxvírus e Vacinas, e Margarita del Val, pesquisadora do CSIC no CBM-CSIC-UAM (Centro de Biologia Molecular Severo Ochoa, centro misto do CSIC e da UAM), debateram e analisaram os cenários da tão esperada vacina contra a COVID-19.

O Conselho, por meio de diversas equipes lideradas por Enjuanes, Esteban e Larraga, coordena três projetos de vacina para a Covid-19, e um deles – o de Mariano Esteban, o mais avançado – já está em fase clínica, aguardando as autorizações das autoridades espanhola e europeia.

“É importante que as vacinas ensinem o corpo infectado a reconhecer as partículas contagiadas”, explica Margarita Del Val, que, juntamente com os demais pesquisadores, ressalta que serão necessárias diversas vacinas. Portanto, é o momento de contribuir com a ciência espanhola. As vacinas, como em uma prova de resistência, vão substituindo as anteriores e melhorando a cada versão. “Isso é extremamente importante, ainda mais em meio a uma pandemia como esta”, explicaram. 

 

Velocidade e recursos 

Quando perguntados por que as espanholas estão em uma velocidade mais lenta que outras, como a da Moderna, Johnson & Johnson ou Pfizer, eles admitiram que seus centros estão saturados, porque são de alta qualidade, e que é difícil ampliar seus espaços. Há uma diferença de infraestrutura e em termos econômicos. Mesmo contando com fontes de financiamento (União Europeia, governo, instituições estrangeiras e doações empresariais como a da MAPFRE, de 5 milhões de euros anunciada em março para contribuir e acelerar as pesquisas) o CSIC precisará de muito mais recursos.

A vacina, explicam, protegerá a pessoa vacinada e, se a sua eficácia for de 100%, bastará administrá-la a 60 ou 70% da população. Entretanto, se a eficácia for de 50%, será necessário vacinar o maior número de pessoas possível a fim de encontrar uma imunidade coletiva. O próprio Enjuanes pretende se vacinar assim que houver um tratamento autorizado na Espanha. “Se for esterilizante, se proteger dos sintomas, da hospitalização e da morte, poderemos analisar melhor quando tivermos todas as informações à disposição da comunidade científica”, observou, referindo-se aos anúncios recentes a respeito de algumas vacinas em andamento.

Vacinas diferentes para diferentes grupos populacionais 

Nunca antes na história presenciamos uma corrida científica tão acirrada e avanços como os que temos visto diariamente, praticamente em tempo real. Temos a da Johnson & Johnson, a russa, as chinesas e muito mais. Para Enjuanes, o mais recomendado é que seja ocidental e que tenha sido precedida pelo maior nível de dados agregados pela comunidade científica. “Existe um amplo repertório de vacinas. Esperamos uma proteção elevada”, asseguram os cientistas, por meio daquilo que é conhecido como prime boost, a primeira imunização com uma vacina e, mais uma depois dela. “A variedade nos permitirá combinar e alternar”, concordam Enjuanes e Esteban. Margarita Del Val espera que a campanha de vacinação nos Estados Unidos inicie pelos meados de dezembro. Apesar do otimismo cauteloso, muitos especialistas continuam admitindo que as primeiras vacinas não serão perfeitas e que não poderão erradicar o coronavírus tão cedo. Entretanto, esse período será crucial para a competitividade das empresas espanholas e para obter uma tecnologia nacional à altura das necessidades.