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INOVAÇÃO | 06.07.2020

Robôs diante da pandemia: o 5G como aliado da saúde

Marta Villalba

Marta Villalba

Wuhan foi uma das primeiras cidades da China a realizar testes com o 5G em 2019. Hoje o país lidera a implantação pioneira da quinta geração de telefonia móvel, com mais de 160 mil estações base 5G que oferecem cobertura a mais de 50 cidades, de acordo com o último relatório da GSMA. Ao contrário do que algumas teorias da conspiração falsamente sustentam, essa tecnologia não prejudica a saúde. Pelo contrário: sua implantação no local onde se iniciou o surto de coronavírus permitiu tratar pacientes com a COVID-19 e desafogar a equipe médica humana em uma iniciativa conhecida como Smart Field Hospital.

Essa iniciativa foi desenvolvida pelo Hospital Wuhan Wuchang, pela operadora China Mobile e pela empresa de robótica CloudMinds. A mágica do projeto consistiu em montar um hospital de campanha com capacidade para 20 mil pessoas, com uma sala atendida exclusivamente por robôs e dispositivos conectados. Destinada principalmente a pacientes com sintomas leves; assim que o paciente entrava, um sistema 5G baseado em termometria infravermelha media automaticamente sua temperatura corporal e alertava os médicos em caso de febre. Além disso, eram equipados com anéis e pulseiras inteligentes que permitiam aos médicos monitorar, de fora, os diferentes parâmetros de saúde, como a temperatura, o nível de oxigênio no sangue e a frequência cardíaca. Esses dispositivos IoT (Internet das Coisas) também eram usados para controlar os sinais vitais da equipe de saúde. Todas essas informações e os robôs eram sincronizados em uma plataforma de gestão das informações baseada em inteligência artificial (IA).

Os robôs, que eram de seis tipos diferentes, não prestavam somente assistência médica. Os humanoides realizavam um importante trabalho de entretenimento, conduzindo os hospitalizados em danças, consultas de informações e aprendizagem. Outros eram responsáveis por entrega de comida e medicamentos, desinfecção do ambiente e segurança. Quando um paciente começava a se sentir mal, era transferido para uma sala atendida por humanos. Embora as instalações estejam fechadas no momento, bem como os hospitais de campanha, tudo está preparado para o caso de ressurgimento do coronavírus.

Ultrassonografias em poucos segundos

Outra função na qual os robôs também foram muito eficientes foi a de realização de diagnósticos. A 700 quilômetros de distância, os médicos de um hospital da província oriental de Zhejiang realizaram uma ultrassonografia cardiopulmonar a distância com um braço robótico e conexão 5G em um paciente internado em um hospital de campanha em Wuhan. Essa combinação de tecnologia permite a transferência de grandes quantidades de dados em poucos segundos, e as ultrassonografias em alta definição (de até 2 GB) foram transmitidas em tempo real.

Robôs para descontaminação e entrega em domicílio

Em Wuhan e também em outras cidades chinesas, os robôs contribuíram para a saúde dos habitantes evitando a propagação do vírus desinfectando ruas e outras áreas públicas, como o metrô. Controlados por pessoas de forma remota, essas máquinas descontaminavam, inclusive, pequenos espaços de difícil alcance para os humanos.

Dentro dos hospitais, a UVD Robots doou vários robôs para a desinfecção com uso de luz ultravioleta. Assim como os novos aspiradores que utilizamos hoje em casas, essas máquinas criam um mapa do local e se deslocam sozinhas para eliminar microorganismos tanto em superfícies quanto no ar.

Com as vendas on-line disparadas pela pandemia, em algumas cidades, os robôs com cabines e rodas estão ajudando os entregadores de pacotes em domicílio. A famosa empresa de compras on-line Suning, por exemplo, utilizou robôs para transportar o pedido na última etapa da entrega até chegar à porta de casa. Fabricado pela ZhenRobotics, o modelo chamado RoboPony é controlado por um aplicativo no celular e é capaz de se deslocar na velocidade de até 10 quilômetros por hora. Depois de realizada a entrega, ele se desinfecta para uma nova entrega.

Vigilância inteligente para detectar febre e pessoas sem máscaras

O RoboPony (e outros sistemas baseados em câmeras) também está sendo usado para trabalhos de vigilância em shoppings. Nesse caso, o robô faz a vigilância para detectar pessoas sem máscaras, além de fornecer desinfetante para as mãos e dicas para evitar o contágio. Os robôs, que fornecem imagens térmicas da China Mobile, medem, rapidamente e sem contato, a temperatura corporal, em um raio de até 10 metros nas principais cidades da China. E caso seja detectada uma temperatura anormal, avisam as autoridades com um alerta via 5G.

Em algumas cidades da China e em outras, como Madri, drones equipados com câmeras e alto-falante estão ajudando as autoridades a comunicar ordens e informar a população, além de controlar quem não está respeitando o confinamento.

Essa tecnologia, no entanto, é imprescindível para os robôs especializados em telemedicina e complementar para o trabalho dos profissionais da saúde a fim de minimizar o contato humano e o risco de transmissão da COVID-19 nesta crise provocada pela pandemia.