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SUSTENTABILIDADE | 17.08.2021

¡Stop a la despoblación rural! El turismo no es la única solución

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O turismo é o grande garantidor atual para frear o despovoamento rural, mas não deve ser a base sobre a qual se sustente este objetivo.

O despovoamento rural é um dos principais problemas que enfrentam as diferentes sociedades de todo o mundo. Não à toa, é raro o país que não está experimentando um contínuo êxodo dos ambientes rurais para as grandes cidades, com as consequências que esses movimentos migratórios acarretam.

No artigo Por que é preciso evitar o despovoamento rural? já explicamos as razões de focar-se em reverter uma situação que não dá sinais de mudar a curto prazo. Nele se expunha que de acordo com um relatório de Julius Baer, a população rural em todo o mundo é de 47%, apesar de que as previsões apontam que no ano 2050 essa percentagem terá diminuído até 30%.

Estes dados não são nada animadores porque o equilíbrio entre o campo e a cidade parece chave tanto para a qualidade de vida das pessoas, como para a preservação do meio ambiente e para uma correta saúde financeira.

Principais problemas que provoca o despovoamento rural

Penetrando nestes problemas – para compreender posteriormente as possíveis soluções – chega-se às seguintes conclusões:

  • O nível de vida nas zonas rurais cai, já que, diante da escassez de pessoas os negócios fecham e começam a escassear os serviços – não é estranho que seus habitantes se queixem da falta de assistência médica e até mesmo de agências bancárias. Tudo isso empobrece estes municípios e seus habitantes, ao mesmo tempo que as pequenas explorações agrícolas são abandonadas.

Paralelamente, o nível de vida nas cidades também despenca, já que, paradoxalmente, se multiplica o seu custo. Isto é, a aglomeração de pessoas não só provoca situações estressantes no dia a dia, mas também faz aumentar a demanda e, como resultado, que os preços disparem. Então, a bolsa da compra e o aluguel de moradias terminam levando uma boa parte da renda de cada cidadão, provocando a queda no seu nível aquisitivo.

  • No tocante às repercussões meio ambientais, começam no momento em que os agricultores, que tradicionalmente cuidaram do campo, deixam de fazer seu trabalho de manutenção ao abandonar suas explorações locais. Isso leva à proliferação de arbustos e vegetação suscetível de queimar após incêndios inesperados. Também, o abandono das terras de cultivos conduz à desertificação de muitas áreas em decorrência da ruptura de um ecossistema que preponderou durante anos.
  • Finalmente, o terceiro dos pontos são as repercussões econômicas, já que os produtores locais se empobrecem e se perdem os recursos que pode ser proporcionado pela economia rural.

O turismo como solução imediata para o despovoamento rural

Diante desta situação, um dos setores que defendeu a causa para recuperar as zonas rurais foi o turismo. O crescente interesse por aqueles ambientes que afastavam o viajante dos lugares mais concorridos (praias, cidades famosas…) trouxe consigo a proliferação de casas rurais onde estar em contato com a natureza e desfrutar do ambiente “de cidade do interior”.

Sem dúvida que isto concedeu uma segunda vida a numerosos povoados, que experimentaram um crescimento inesperado nas últimas duas décadas. No entanto, a pandemia do coronavírus abriu os olhos de muita gente, que chegou à conclusão de que o turismo é uma solução a curto e médio prazo, mas não deve ser a única, já que no momento em que se produza uma queda como a experimentada, a situação volta ao ponto de partida.

Não obstante, não seria justo deixar de apontar os benefícios que proporciona o setor turístico para as regiões que “viajavam” para o temível despovoamento. A saber:

  • O impulso do turismo rural também supõe uma injeção econômica a outros setores característicos da região. É o caso do enoturismo, o agroturismo, o gastronômico… Desse modo, outras indústrias se veem favorecidas pela chegada de nova clientela.
  • Além disso, permite fomentar as tradições locais e fazer delas uma marca que atraia a mais público.
  • A afluência de pessoas dá lugar à abertura de novos negócios que por sua vez dinamizam a estrutura empresarial da região.
  • Isto desemboca em um aumento da população recenseada, recuperação de serviços básicos e criação de nova moradia e outros tipos de instalações destinadas ao bem comum.

Como se pode observar, tudo faz parte de uma cadeia cuja engrenagem é essencial para a recuperação dos ambientes rurais. No entanto, esta não pode e nem deve ser a única cadeia que freie o êxodo para as grandes cidades. Devem ser buscados outros tipos de soluções a curto prazo que levem a uma estratégia a longo prazo capaz de deter a crescente percentagem de habitantes urbanos.

Assim expressa Arturo Crosby, CEO de Forum Natura em uma coluna publicada em Hosteltur.com: “É muito difícil manter uma oferta de turismo com uma ocupação inferior a 50% e exceto em situações específicas pontuais, a rentabilidade econômica se baseia em ocupações anuais de aproximadamente 25/30% (entre 19 e 40%), cifras que nos informam que é pouco provável que o turismo seja a salvação rural, embora possa contribuir para ela, desde que haja mudanças disruptivas básicas sociais, empresariais e, sobretudo, administrativas-burocráticas que ajudem a ter um cenário atrativo e produtivo”.

Propostas para frear o despovoamento rural

Como seria de esperar, há centenas, se não milhares, de propostas em todo o mundo para frear o despovoamento dos ambientes rurais, de maneira que é quase impossível fazer eco de todas elas. Não obstante, sim que se podem destacar as palavras da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que assegura que “a economia rural tem um grande potencial para criar empregos decentes e produtivos, bem como para contribuir para o desenvolvimento sustentável e o crescimento econômico”. E acrescenta: “No entanto, apesar de que representa uma proporção significativa do emprego e da produção em muitos países em desenvolvimento, caracteriza-se de forma generalizada pela existência de um elevado nível de pobreza e de graves déficits de trabalho decente. De fato, este é o contexto em que se situa quase 80% da população pobre do planeta”.

Isto faz com que muita gente deseje abandonar essa situação e procurar melhor sorte em um âmbito urbano. Por isso, a OIT, considera que “a promoção do trabalho decente na economia rural é fundamental para erradicar a pobreza e garantir que se satisfaçam as necessidades nutricionais de uma população mundial em crescimento. Este princípio é reconhecido na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que propugna uma maior atenção ao desenvolvimento rural e, em particular, à agricultura e à segurança alimentar.”

Quanto às propostas antes mencionadas, costumam ter os seguintes elementos comuns:

  • Potenciação do desenvolvimento tecnológico, começando com a oferta de uma banda larga mais alta para atrair trabalhadores jovens e empreendedores. Além disso, a tecnologia deve chegar definitivamente às pequenas explorações agrícolas para que possam competir com os produtos que chegam de outras partes do mundo.
  • Incentivo dos governos para que atividades empresariais sejam postas em funcionamento em pequenos municípios que estejam propensos a um contínuo envelhecimento de sua população. Já seja com a isenção de impostos ou com ajudas para autônomos ou empreendedores, o apoio a estes tipos de negócios permitiria oferecer-lhes um cenário atrativo.
  • Ajudas às mulheres trabalhadoras no ambiente rural, já que tradicionalmente foram as grandes esquecidas.
  • Fomento dos ambientes rurais como ideais de sustentabilidade meio ambiental, mediante a implantação de energias renováveis, bem como de lugares saudáveis, afastados das grandes áreas poluídas próprias das megacidades.

Em suma, poderia resumir-se que as soluções a curto prazo passam por um trabalho consciencioso e constante por parte das administrações, pelo fomento do meio rural como ambiente sustentável e saudável, pela introdução das novas tecnologias na indústria local e, é claro, pelo fomento do turismo.