MAPFRE
Madrid 2,276 EUR 0,03 (+1,16 %)
Madrid 2,276 EUR 0,03 (+1,16 %)

SUSTENTABILIDADE | 08.03.2024

Inma Shara, regente de orquestra: “Com determinação e paixão não há fronteiras”

Thumbnail user

Nos próximos anos, as mulheres subirão aos pódios das grandes orquestras. Assim acredita Inma Shara (País Basco, 1972), uma das regentes de orquestra mais reconhecidas do mundo, uma profissão com cada vez mais talento feminino graças a referências como ela.

Seu amor pela música começou desde muito pequena. Aos 4 anos já tocava piano, aos 27 anos estreou pela primeira vez como regente de orquestra e aos 47 publicou um livro sobre o grande desafio que representa liderar nesse cenário. Reconhece que seu objetivo não é ser a melhor para os outros, mas para si mesma, transmitir ao público honestidade e sinceridade.

Currently, there are hardly any women serving as principal conductors of orchestras. How do you see the future of classical music? O que sentiu? 

Independentemente do cenário, a música tem o poder de emocionar, de unir o público. Tudo isso faz com que esse momento seja algo único, o que me ajuda a continuar com mais força, a me superar a cada dia, e a criar o ambiente adequado para que todos saiam revigorados.

Atualmente, quase não há mulheres regentes titulares de orquestras. Como você vê o futuro da música clássica?

A incorporação da mulher à orquestra foi um processo lento e paulatino. Hoje, existe uma maioria feminina nos quadros de funcionários, mas ainda é preciso alcançar o pódio, ou seja, que tenhamos mais mulheres regentes, algo que tenho certeza de que acontecerá, porque, apesar de enfrentarmos obstáculos, há muito talento. Minha esperança é que as mulheres sintam que ser regente de orquestra é uma profissão apaixonante que se conecta com as batidas do coração do público. Se uma jovem tem o sonho de ser regente de orquestra, deve saber que com determinação, demanda própria e paixão não há fronteiras.

INMA SHARA

Que impacto tem a música na saúde e no desenvolvimento das pessoas? 

As vantagens são incontáveis. A música é terapia, é um alimento para a alma, uma ferramenta que permite melhorar a comunicação, que nos ensina a administrar o medo do palco, a nos expressar em público, e que é fundamental para as pessoas que sofrem de doença mental, já que atua como um remédio. Nas crianças, a orquestra desperta múltiplas habilidades porque ensina a escutar, a se superar através de um instrumento, e a trabalhar em equipe porque sabem que precisam do colega para poder interpretar uma peça musical.

Conta com grandes reconhecimentos. Como avalia sua trajetória? 

Todas as demonstrações de agradecimento e de apreço que recebi ao longo da minha carreira me deram muita força para continuar, principalmente com entusiasmo, integridade e coerência. Meu objetivo não é ser a melhor para os outros, mas para mim mesma, transmitir ao público honestidade e sinceridade. Na orquestra cada um tem sua própria pulsação, e o que o torna forte é precisamente a entrega das pessoas que a compõem, que colocam a serviço do grupo suas qualidades artísticas, sua energia e sua generosidade. Mais do que grandes nomes, buscamos pessoas comprometidas que queiram transformar e formar uma equipe. 

Como descobriu sua vocação?

Desde pequena convivi com a arte e tive uma formação acadêmica muito completa. Pratiquei a pintura e a dança, mas foi a música a disciplina que teve maior presença na minha vida. Comecei com quatro anos a tocar piano e outros instrumentos. Costuma-se dizer que a razão nos guia, mas os sentimentos nos mobilizam. No meu caso, fui brincando com a arte até que senti que de alguma forma devia canalizar todos os meus esforços para alcançar o sonho de ser regente de orquestra. Uma das minhas virtudes é saber aproveitar a oportunidade de me dedicar profissionalmente à música, um alimento para a alma e a saúde.

Em alguma ocasião, você disse que gosta do som do silêncio. Como define isso? 

Vivemos em uma sociedade que muda em grande velocidade e muitas vezes não sabemos parar e conviver com o silêncio, com a autocrítica. Tendemos a nos comparar com o exterior, mas considero que devemos ser mais competitivos conosco mesmos, não ter medo da mudança porque é apaixonante conviver com cenários que não são previsíveis. Acho que é fundamental aprender a conviver com o silêncio e refletir sobre nossos pontos fortes e fracos para poder despertar aquilo que não consideramos.

ARTIGOS RELACIONADOS: