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SEGUROS| 14.02.2023

Seguros paramétricos: o que são e como funcionam

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O design das apólices de seguros mudou muito em poucas décadas, e continua evoluindo constantemente. De fato, o setor segurador está intimamente relacionado com a inovação. Por acaso não foi inovação consertar uma ruptura que um cliente teve em sua casa em vez de indenizá-lo pela mesma e que seja ele quem procure a solução? Então isto que hoje nos parece muito comum não era assim há poucas décadas. Foi a MAPFRE, precisamente na Espanha, quem introduziu esse conceito e está claro que chegou para ficar.

Apólices à medida, em função de como se comporta o cliente ou seguros que se ativam e desativam são tendências que estão aí e que pouco a pouco previsivelmente irão entrando em nossas vidas e mudará precisamente a relação que os clientes têm com esta indústria.

Nos últimos tempos, começa a aparecer um novo conceito: seguros paramétricos. É verdade que isto não é novo para os profissionais do setor, sobretudo aqueles que se dedicam ao resseguro, aos grandes riscos ou aqueles muito relacionados com os fenômenos atmosféricos. Existem há mais de duas décadas, mas para o público em geral pode ser um conceito com o qual não esteja tão familiarizado… e talvez em um futuro -longínquo ou não- seja uma realidade. Hoje é uma tendência a explorar, porque algumas das tentativas realizadas não foram muito frutíferas e ficaram, precisamente, nisso, em ensaios ou projetos com uma vida muito curta ao não dar os resultados esperados.

Mas, comecemos por definir o que são os seguros paramétricos. É uma apólice em que a empresa seguradora paga o cliente em função da intensidade de um evento e do montante da perda calculada, através de um modelo, com os dados previamente previstos. Pode parecer um pouco técnico, mas não é tão complexo e talvez com um exemplo seja mais facilmente compreensível.

O passo prévio é definir os parâmetros que vão ser utilizados para que o seguro entre em funcionamento. Por exemplo, é preciso estabelecer a área geográfica específica que vai cobrir esse seguro, assim como outros parâmetros que podem ser a velocidade que deve ultrapassar o vento para que entre em funcionamento este seguro ou quantidade de litros de chuva que tem de cair, intensidade de um terremoto, etc… e entra em jogo uma fonte objetiva e neutra, que garanta esse dado. No caso dos seguros paramétricos, existe um terceiro incontestável, isto é, que não é nem a empresa seguradora nem o cliente, mas que é reconhecido por ambos, e pela sociedade em geral, como uma fonte objetiva e neutra de informação que proporciona esse dado para determinar se se ativa ou não a cobertura contratada. Por exemplo, a Agência Estatal de Meteorologia, no caso de parâmetros relacionados com o clima. Este tipo de seguros entrariam em funcionamento no momento em que se cumpram esses parâmetros e ninguém vai questionar a informação oficial que qualquer organismo deste tipo divulgue. Assim que a força do vento supere a indicada no contrato na zona prevista, por exemplo, o seguro entra em funcionamento, independentemente se o cliente sofre ou não danos e sem necessidade de que o cliente seja quem comunique essa circunstância.

Essa é a principal diferença de um seguro “tradicional”. Poderia acontecer de, apesar de acontecer um grande furacão, alguns edifícios da zona coberta pelo seguro paramétrico não ter danos. No entanto, o cliente sim seria indenizado já que se cobriram as especificações previstas. Mas também pode acontecer de os danos existirem e serem maiores do que os previstos no seguro paramétrico. O que aconteceria então? O cliente recebe a indenização acordada, independentemente dos danos. Inclusive poderia existir danos sem que tenha chegado a ativar-se o seguro, já que não se alcançaram os parâmetros estabelecidos no contrato. Esta é outra das grandes diferenças do seguro tradicional, no qual se indeniza em função dos danos reais. Então, diante do mesmo fato, a diferença de indenização de um ou outro seguro pode ser importante.

Como tudo, tem suas vantagens e tem seus inconvenientes. Como principal vantagem, pode avaliar-se antecipadamente o possível impacto e as previsões que as empresas seguradoras podem fazer são mais ajustadas e sabe-se imediatamente se o seguro entra em jogo, assim que as circunstâncias contempladas na apólice aconteçam. Redução considerável dos gastos de gerenciamento e administração de sinistros, junto com a rapidez podem considerar-se outras das grandes vantagens, permitindo agilizar muito os pagamentos e poupando tempo.

Como a indenização se ativa de maneira automática, normalmente em tempo real, há ocasiões em que esse mecanismo aconteceu antes mesmo de o cliente saber que aconteceu um evento que ativa este seguro. Por exemplo, no caso de cancelamento ou atraso de um voo, a seguradora muitas vezes sabe da situação antes dos passageiros. “Seu voo vai atrasar. Em anexo você poderá encontrar um voucher para a sala VIP e um ticket de comida e bebida. Relaxe e fique atento às atualizações dos voos”. Uma mensagem com estas características, por exemplo, pode deixar essa situação mais suportável. Este seria um exemplo de como se ativa um seguro paramétrico.

Neste sentido, o tempo precisamente é uma das “desvantagens” dos seguros tradicionais comparado com estes, já que exige uma avaliação in situ dos sinistros ocorridos, o que requer profissionais que se desloquem à área e examinem todos os sinistros. Pelo contrário, é mais ajustada à realidade. Uma vantagem dos seguros tradicionais é que comumente, salvo se o cliente quiser o contrário, a empresa seguradora vai reparar os sinistros em vez de indenizar, uma coisa bastante valorizada pelos clientes.

Este tipo de seguros é utilizado sobretudo para riscos relacionados com fenômenos da natureza (furacões, inundações, etc…) e ainda não têm grande aplicação entre os clientes particulares. São, precisamente, as startups as que estão começando a desenvolver este tipo de seguros para particulares, baseados na análise de dados, nos novos dispositivos tecnológicos de medição, na automatização da avaliação de riscos e nas novas tecnologias, como a Inteligência Artificial ou o blockchain.

SEGUROS PARAMETRICOS

As redes sociais são outro âmbito em que este tipo de seguros começa se desenvolver, já que, por exemplo, existem seguros paramétricos que são ativados com o roubo de contas do Instagram de influencers. Nesses casos, uma empresa especializada monitora a atividade da conta e é capaz de detectar o roubo, antes mesmo de o usuário perceber. Uma mensagem ao influencer, indicando-lhe que esse roubo foi detectado, que se iniciaram os trâmites para que possa recuperar a conta e que entrou com uma indenização pelas perdas que representa ter a conta inativa é um exemplo de como funciona este tipo de seguros.

Alguns projetos em funcionamento para particulares focam nos seguros de viagem, tendo em conta parâmetros como o cancelamento ou atraso de um voo, de um ferry ou a perda da bagagem em um aeroporto após um determinado tempo pré-estabelecido depois de aterrissar o voo. Não é estranho que seja com os seguros de viagem que se começou a experimentar este tipo de novas apólices, já que é um mercado com grande potencial, pois só no âmbito europeu os seguros de viagem representarão mais de 10 bilhões de dólares em 2027, segundo dados da Allied Market Research.

Apesar de apontarem que no futuro os seguros paramétricos terão um desenvolvimento significativo, por agora as iniciativas neste sentido estão em fases muito incipientes para poder prever como será seu desenvolvimento. De fato, algumas delas não tiveram o sucesso que se esperava e depois de um tempo deixaram de existir. Mas não se sabe se no futuro se transformarão em algo comum.

 

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