SEGUROS | 28.05.2025
Para lares mais resilientes: como nos preparar diante do aumento de fenômenos climáticos extremos
Incêndios florestais, ondas de calor (e frio) extremas, grandes inundações, furacões, chuvas torrenciais, secas… Os fenômenos meteorológicos extremos aumentaram significativamente nos últimos anos, e as residências são os bens mais afetados. Em 2020, as perdas seguradas chegaram a 100 bilhões de dólares, e tudo indica que este ano ultrapassarão os 200 bilhões.
Incêndios florestais, ondas de calor (e frio) extremas, grandes inundações, furacões, chuvas torrenciais, secas… Os fenômenos meteorológicos extremos aumentaram significativamente nos últimos anos, e as residências são os bens mais afetados. Em 2020, as perdas seguradas chegaram a 100 bilhões de dólares, e tudo indica que este ano ultrapassarão os 200 bilhões.
Na hora de escolher onde morar, os riscos meteorológicos não são prioridade para nenhum dos agentes envolvidos nesse processo. Os proprietários geralmente escolhem a localização do imóvel com base em critérios como preço e qualidade de vida, sem pensar tanto nos riscos climáticos ou na disponibilidade de seguros. Paralelamente, os governos locais podem ser obrigados a construir habitação popular em áreas mais expostas, enquanto os sistemas de avaliação e concessão de hipotecas se concentram mais nas condições de crédito e mercado dos mutuários.
É o que destaca a Associação de Genebra em seu relatório Safeguarding Home Insurance: Reducing exposure and vulnerability to extreme weather, que aprofunda o impacto dos desastres climáticos nas residências da Austrália, Canadá, União Europeia (UE), Japão e Estados Unidos.
Nesse contexto, o acesso ao seguro torna-se imprescindível, especialmente considerando que seguradoras e resseguradoras são, em muitos casos, as primeiras a responder financeiramente quando ocorrem grandes catástrofes climáticas. No entanto, o aumento desses eventos gera preocupação sobre a disponibilidade dos seguros residenciais e se estes vão poder ser oferecidos a um preço acessível aos proprietários, levando em consideração o aumento do risco em algumas das áreas estudadas, como os Estados Unidos.
“Nos últimos anos, medidas inadequadas de redução de risco e de prevenção obrigaram as seguradoras a limitar ou deixar de oferecer apólices para cobrir certas ameaças em algumas áreas dos Estados Unidos”, destacou Maryam Golnaraghi, diretora de Mudança Climática e Meio Ambiente da Associação de Genebra, durante a apresentação do relatório.
Mas o que pode ser feito para enfrentar esta situação? A Associação de Genebra propõe tanto mudanças estruturais como a escalada de medidas já implementadas.
Uma das mudanças estruturais sugeridas é a melhoria dos processos de avaliação das propriedades, de modo a incluir o valor segurado (como o custo de reconstrução, por exemplo) e o risco associado. Também são consideradas essenciais o fortalecimento da colaboração intersetorial, a implementação de tarifas que reflitam o risco e a incorporação de estratégias de gestão de riscos climáticos nas agendas de crédito, para enfrentar o problema da segurabilidade em áreas expostas a desastres naturais.
Outra das mudanças estruturais que os autores do estudo consideram que pode ser implementada são os pools apoiados por governos. Neste artigo, falamos sobre o Pool Espanhol de Riscos Ambientais (PERM), uma instituição criada há mais de três décadas pelo próprio setor segurador para ampliar a capacidade de proteção desses riscos.
Quanto às medidas já em andamento que precisam ser ampliadas, os autores destacam a importância de alcançar um consenso sobre o que constitui uma ameaça e quais são os riscos em nível local. “A colaboração entre governos, seguradoras e outros agentes pode ajudar a identificar regiões com uma exposição crescente a temperaturas extremas, destacar iniciativas de resiliência que tenham sido bem-sucedidas e promover a expansão do seguro privado”, destacam.
O desenvolvimento de soluções preventivas para novas construções, o redesenho da resposta dos governos a desastres e o investimento em inovação também desempenharão um papel crucial nos próximos anos.
A importância da colaboração público-privada
Seguradoras e resseguradoras vêm investindo em pesquisas para entender as causas dos riscos, desenvolver medidas de resiliência e inovar em produtos e serviços, mas não podem enfrentar esses desafios sozinhas.
A colaboração público-privada continuará sendo essencial nessa área. A Associação de Genebra defende o fortalecimento de parcerias para aumentar a conscientização e a resiliência, além da criação de pools garantidos por governos que promovam e apoiem medidas de resiliência.
Um claro exemplo de colaboração público-privada na Espanha é o Consórcio de Compensação de Seguros (CCS), que indeniza sinistros extraordinários não cobertos pelas seguradoras, como os causados por eventos naturais. A dana de outubro de 2024 na Comunidade Valenciana é um dos casos mais recentes cobertos pelo consórcio. No entanto, essa entidade não é recente: sua origem remonta a 1941. Hoje, está vinculada ao Ministério da Economia, Comércio e Empresa.
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