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SAÚDE | 30.04.2020

COVID-19: Jornalismo e comunicação também estão transformando

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Nesses tempos em que tudo muda de forma vertiginosa, complexos como o panorama a que assistimos, sem exceções nem fronteiras, o que nos alimenta em termos de informações também nos destrói com maior intensidade. Entretanto, em toda crise, a comunicação bem gerenciada traz oportunidades: é o momento de informar com clareza, transmitir valores, ter consciência social e de humanizar as marcas.

Nunca uma crise deu tantos títulos e manchetes para a história. O termo Covid-19 registra mais de 3 trilhões de resultados no Google. Origens e propagação do vírus, pesquisa científica, corrida pelas vacinas, impacto socioeconômico, ações empresariais, liderança, inovação, tecnologia, e grandes e pequenas histórias de solidariedade e sofrimento, mas também de esperança e superação. Notícias e investigação, jornalismo de precisão, entrevistas com personalidades, especialistas e líderes, crônicas e posts. Todos os gêneros se juntam para proporcionar respostas para satisfazer o legítimo apetite de informações da população mundial.

Entretanto, os meios de comunicação, especialmente os tradicionais, mais do que nunca acusam uma queda drástica nos anúncios publicitários causada pela incerteza do coronavírus. Porque a diminuição da atividade publicitária reflete a queda do consumo mundial. Somente na Espanha, os especialistas em marketing acreditam que o investimento publicitário cairá aproximadamente 20% nos próximos meses.

A cada dia, o foco ou focos de informação se deslocam a uma velocidade vertiginosa, em contraste com a quietude do confinamento com que o mundo parece se mover. Plataformas de streaming ou entretenimento, como Netflix ou YouTube, redes sociais como o Instagram ou o Twitter, e os meios digitais são os maiores beneficiados em termos de audiência diante da necessidade de os usuários em permanecer informados e “desopilar”, diante dos meios tradicionais.

No Reino Unido, a National Union of Journalists alertou recentemente que muitos veículos fechariam e que milhares de jornalistas perderiam seus empregos como resultado da pandemia. Conscientes das ameaças enfrentadas pelo jornalismo atual diante de uma crise mundial sem precedentes, organizações como a UNESCO, das Nações Unidas, ou a Repórteres sem Fronteiras, por meio de sua nova ferramenta, a Tracker 19, realizam um acompanhamento da situação em termos de segurança dos jornalistas no mundo, proteção da liberdade de expressão e luta contra a desinformação.

Um relatório recente do World Economic Forum sobre o valor nos meios, lembra que “os meios de comunicação exercem um papel crucial”, que vai além da busca da informação para saciar a curiosidade legítima dos cidadãos, já que estes são capazes de proporcionar histórias e conteúdos culturais que fomentam “a imaginação, necessária para olhar para frente”.

José Fernández-Álava, diretor geral da Dircom, ressalta a importância fundamental dos meios tradicionais, “que conseguiram recuperar a atenção de muitas pessoas que antes somente se informavam por meio das redes sociais”, apesar de admitir que continuam culpando o impacto no seu modelo de negócios.

Mais que a proatividade das organizações, o que realmente importa é a origem da fonte, e que o emissor da informação se identifique com a verdade, adverte Ignacio Jiménez Soler, autor de A Nova Desinformação e especialista em comunicação corporativa. “Não basta sair contando coisas, mas que aquilo a ser contado seja identificado como verdade”, conforme explicou em uma entrevista para a La propagadora. “Nunca o jornalismo foi tão necessário, e nunca esteve pior […] em termos básicos como a objetividade e a veracidade”, alerta.

Emoção e valor 

A comunicação das grandes empresas deve se concentrar em ser mais confiável, transparente e empática, “não somente como uma ferramenta estratégica ao serviço do rendimento do negócio, mas também como uma aliada para quando o tecido empresarial possa agregar um valor adicional todos os seus grupos de interesse, com especial atenção aos grupos mais impactados durante esta crise sem precedentes”, tal como sugere a consultora Llorente & Cuenca.

Após a Covid-19, na opinião de Fernández-Álava, as empresas sairão especialmente fortalecidas “porque conseguiram materializar-se diante da sociedade, especialmente aquelas que exibem uma solidariedade e uma merca social que, a partir de agora, serão indissociáveis da cadeira de valor”. Uma das lições que, no seu entender, podem ser extraídas é o ressurgimento das profissões mais vocacionais, como as de saúde ou os professores, que foram capazes de transportar seu esforço de transformação até o trabalho assistencial. 

Ricardo Gómez, especialista em comunicação corporativa, explica que o principal desafio nesses momentos é ter a “capacidade de emocionar”, algo fundamental, por meio de ferramentas virtuais, neste momento, e especialmente no âmbito da comunicação interna. Uma das principais exigências, ele recorda, em qualquer comunicação de crise é poder gerenciar o ambiente. Esta crise, sem dúvida, abre uma grande oportunidade para que a comunicação corporativa cresça nas organizações.

Gómez conselha que, nesse sentido, os profissionais se concentrem na máxima “ser oportuno, sem ser oportunista”. “Todas as empresas que se concentram em agregar valor dentro de seu território de marca, o que foi até então o ‘normal’ em suas organizações – e não em aparecer diante da opinião pública e seus próprios grupos de interesse com ações sem sentido no âmbito das relações habituais – serão aquelas que terão mais sucesso”, afirma.

Oportunidade de dar exemplo

Uma das tendências sublinhadas por Llorente & Cuenca é o “impacto positivo nos consumidores daquelas empresas que fazem doações”. Elas são vistas como mais solidárias e dignas de confiança. As grandes corporações sairão com suas reputações fortalecidas, prevê Jiménez Soler, porque “estão demonstrando que têm resistência e estão fazendo coisas e agregando soluções”.

“Não acredito que se nasce de novo em nenhum momento da história, mas acredito que este é verdadeiramente um ponto de virada em que o mundo dos negócios a partir de agora será mais social, mais solidário e mais preocupado com os demais. Ganhamos em humanidade graças às marcas”, comemora Fernández-Álava.

Para a diretora geral de Relações Externas e Comunicação da MAPFRE, Eva Piera, neste momento, mais do que nunca, uma grande empresa global como a MAPFRE e sua Fundación, têm a capacidade de estar mais próximas das pessoas, mostrar seu compromisso e ser úteis para a sociedade. Por responsabilidade e sobretudo por convicção. “Está no DNA do nosso grupo. Somos pessoas que cuidam de pessoas”, explica. “Temos a obrigação de fazer isso de um modo que seja visível, porque infelizmente muitas pessoas necessitam de nós.

“Além de zelar pela saúde e segurança de nossos funcionários e colaboradores, e de continuar prestando um serviço de qualidade a nossos mais de 30 milhões de cliente em todo o mundo, o que fazemos na MAPFRE é nos colocarmos ombro a ombro para sermos solidários com a sociedade, atendendo às necessidades da emergência de saúde, mas também realizando importantes medidas de apoio junto aos mais afetados, PMEs, autônomos, fornecedores e clientes. Como nosso presidente Antonio Huertas nos disse há alguns dias em um artigo de opinião sobre esta crise, no momento, compartilhar é a nossa única opção”. Estamos fazendo aquilo que é certo”, garante Piera.