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SUSTENTABILIDADE | 08.07.2025

Manuel Pimentel: “Não existe sucesso organizacional sem impacto humano”

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Promover o crescimento das pessoas para que o trabalho contribua para dar sentido à vida. Esse é o propósito da Fundación Máshumano, entidade criada em 2002 para promover ambientes de trabalho nos quais as pessoas possam alcançar bem-estar em suas vidas profissionais e pessoais e, ao mesmo tempo, gerar valor para a sociedade. Conversamos com Manuel Pimentel (Sevilha, 1961), membro do conselho da fundação.  

Como o senhor descreveria o mercado de trabalho atual? Quais são as principais demandas da sociedade? 

Nunca houve tanto emprego como agora, embora atualmente existam regiões com escassez de mão de obra. Ainda assim, seguimos com um nível de produtividade baixo, pois os empregos estão sendo gerados em setores tradicionais, como o turismo na Espanha. O mercado continua exigindo perfis com formação acadêmica sólida e valoriza competências e habilidades, como a atitude do trabalhador. Além disso, as pessoas buscam, cada vez mais, que o trabalho dê sentido à sua vida, e é importante levar isso em conta, porque não existe sucesso organizacional sem impacto humano. 

Quais são os desafios que enfrentamos? 

Destacaria alguns, como o envelhecimento populacional e o descompasso entre oferta e demanda, que resultarão na falta de talentos jovens para ocupar determinados cargos em setores como indústria, logística e agricultura.  Também a crescente digitalização e o crescimento exponencial de outras economias, como a chinesa e a indiana, que vêm impulsionando uma concorrência regressiva nos mercados europeus. Essa perda de competitividade global impulsionará uma reconfiguração do ambiente de trabalho, que mudará de forma acelerada nos próximos anos. 

O que significa dizer que o trabalho deve contribuir para dar sentido à vida? Que iniciativas vocês promovem? 

Significa que o trabalho não é apenas um meio de produção, mas um motor de transformação: pode ser um espaço onde as pessoas desenvolvem sua dimensão mais pessoal e onde, por meio de uma liderança humanista, se estimula o talento e um clima de bem-estar, que se traduz em mais comprometimento e produtividade. Por isso, na fundação, acompanhamos as organizações no desenho de ambientes onde o crescimento humano e o valor organizacional se reforcem mutuamente. E, para isso, promovemos boas práticas em áreas como digitalização, diversidade e inclusão, contribuindo assim para o crescimento e o bem-estar profissional e pessoal das equipes. 

Que impacto o senhor acredita que tem apostar na diversidade geracional? 

Cultivar a colaboração entre jovens e pessoas mais velhas é importante. O primeiro grupo traz agilidade para se adaptar à nova realidade social graças ao domínio da tecnologia, enquanto os veteranos contribuem com experiência, conhecimento e habilidades de liderança. Essa combinação é fundamental porque permite aos jovens aprender conhecimentos técnicos e valores essenciais, ao mesmo tempo em que estimula os veteranos a se manterem atualizados e competitivos.  

Quais são as principais barreiras enfrentadas pelas pessoas com deficiência? Como as empresas podem melhorar suas práticas nesse sentido? 

Estamos assistindo a uma mudança significativa nos valores ligados à diversidade e inclusão, pois muitos tabus e preconceitos sobre o talento das pessoas com deficiência foram superados. Por meio da inclusão sociolaboral dessas pessoas, entidades comprometidas, como a MAPFRE, trabalham para gerar riqueza ética e humana e avançar no fechamento das lacunas de desigualdade. Não se trata apenas de preencher uma vaga, mas de desenvolver talento. Por isso, uma gestão inteligente de pessoas não deve se concentrar em suas limitações funcionais, mas em suas habilidades e pontos fortes. Apesar desse salto qualitativo, ainda há muitos avanços a serem feitos enquanto sociedade para alcançar a plena inclusão. 

O que pode ser feito para garantir a igualdade de oportunidades?  

Vivemos em uma sociedade diversa e, por isso, a diversidade precisa estar muito presente nos valores da empresa. No plano normativo, houve avanços importantes para garantir maior igualdade de gênero, mas ainda é necessário trabalhar no cotidiano: nos vieses, nos hábitos e nas práticas, tanto no ambiente familiar quanto no profissional. Acredito que há muito a ser feito no plano pessoal, por exemplo, na divisão equitativa das tarefas domésticas e da criação dos filhos. A esfera familiar e o trabalho devem se complementar para alcançar a verdadeira igualdade.  

Como a crescente preocupação com a sustentabilidade influencia as organizações? 

O valor da sustentabilidade é positivo e crescente, e tudo o que fizermos nesse sentido será um investimento rumo a um futuro mais equilibrado e responsável, que beneficia tanto as gerações atuais quanto as futuras. As organizações que não integrarem valores ambientais, sociais e de boa governança enfrentarão uma série de consequências, tanto econômicas quanto reputacionais. Os aspectos ligados à sustentabilidade não devem ser perseguidos apenas por exigências legais, mas como uma convicção pessoal, para garantir a continuidade do sistema e promover uma maior competitividade das empresas.

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