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ECONOMIA | 04.06.2025

A América Latina acelera: MAPFRE Economics melhora previsões de crescimento para a região

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Crescer em meio à incerteza comercial, tensões geopolíticas e fragilidade fiscal… A América Latina enfrenta grandes desafios nos próximos anos. Ainda assim, esse cenário desafiador também traz algumas oportunidades.

MAPFRE Economics, o Serviço de Estudos da MAPFRE, elevou a projeção de crescimento da região para 1,9% em 2025 e 2,1% em 2026, frente aos 1,6% e 1,7% estimados no início do ano, conforme destacado no relatório Panorama Econômico e Setorial 2025: atualização de previsões para o segundo trimestre.

Segundo Eduardo García Castro, economista do MAPFRE Economics, a melhora se deve à possibilidade de redirecionamento dos fluxos de capital provenientes dos Estados Unidos, que continuam sendo um fator positivo. “Além disso, parece haver um grande interesse em buscar uma solução para o problema tarifário e estabelecer vias de negociação”, destaca García Castro.  

A política tarifária anunciada pelo presidente Donald Trump durante o chamado “Dia da Libertação” alterou as expectativas de crescimento dos parceiros comerciais dos EUA, incluindo os países latino-americanos. 

“A incerteza em torno da política comercial se tornou um fator fundamental que influencia as decisões relacionadas ao comércio e aos investimentos em escala global. As empresas que assumem compromissos de longo prazo – seja investir em capacidade exportadora, entrar em mercados estrangeiros ou criar cadeias de fornecimento internacionais – dependem de políticas comerciais estáveis e previsíveis”, destaca a Organização Mundial do Comércio (OMC) em suas últimas previsões para o comércio mundial, nas quais antecipava uma deterioração do comércio mundial, que será especialmente notório na América do Norte, Ásia e, em terceiro lugar, na América do Sul.  

MAPFRE Economics acredita que esta situação também pode representar oportunidades. “Ainda que a direção da política comercial aponte para uma menor demanda externa, o que afetaria os parceiros mais integrados às cadeias de valor com os Estados Unidos, como o México, esses países também poderiam se beneficiar tanto de um redirecionamento comercial quanto da atração de fluxos de capital. Esta situação pode levar a prever uma política monetária com menos mudanças do que inicialmente previsto e oferecer um marco relativamente estável”, assinala o Serviço de Estudos da MAPFRE no relatório.  

Entre as economias analisadas pela MAPFRE Economics, o México registrará um menor crescimento, com um avanço do PIB de 0,4% este ano e de 1,5% no próximo, e é uma das mais afetadas pela política tarifária de Donald Trump. De fato, o Serviço de Estudos da MAPFRE antecipa em seu cenário base um crescimento das exportações de 1,9% este ano, seguido de uma queda de 2,6% em 2026. Quanto às importações, elas cairão 1,9 % em 2025 e 3,3 % no ano seguinte. 

“Os dados comerciais mais recentes sugerem que as tarifas já começaram a impactar a economia. Nesse sentido, é esperado que a atividade continue se deteriorando ao longo do ano, à medida que sejam feitos ajustes nos setores mais expostos aos efeitos tarifários para mitigar os impactos negativos. No entanto, uma recessão ainda parece evitável, especialmente se certos aspectos comerciais com os EUA forem resolvidos, afirma García Castro. 

 

O Brasil, por sua vez, deverá crescer 2% este ano e desacelerar levemente no próximo, com crescimento de 1,8%. Um dos principais desafios enfrentados pelo país é a evolução do real. A moeda brasileira foi bastante afetada pela valorização do dólar no ano passado, somando-se a isso a persistência da inflação, que deverá fechar 2025 em 5,3% e 2026 em 4,4%. O real vem se recuperando, e o enfraquecimento do dólar, como consequência da política comercial dos EUA, tende a ter um impacto positivo sobre a moeda. Ainda assim, o economista da MAPFRE Economics ressalta que a política monetária continuará sendo cautelosa, “ao menos enquanto a inflação seguir oscilando nos níveis atuais”, com expectativas ainda sem um ancoramento sólido e risco fiscal persistente. 

A Argentina crescerá 4,5% este ano e 3,3% em 2026, embora continue com a inflação mais alta entre os países analisados pela MAPFRE Economics: os preços devem subir 39% em 2025 e 18,5% em 2026. A melhora nas previsões para a Argentina é outro fator que contribuiu para o desempenho econômico da região, segundo García Castro, avançando mesmo com os cortes esperados para Brasil e México. 

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