SEGUROS| 14.05.2025
O crescimento do setor segurador resiste apesar da incerteza comercial
A elevada incerteza geopolítica gerada pela guerra tarifária está se refletindo nas expectativas de crescimento, especialmente para aqueles países cujas economias são mais dependentes do comércio internacional, como Estados Unidos, China, Alemanha ou Japão, o que leva a revisões para baixo no crescimento econômico global e, consequentemente, na atividade seguradora, moderando as boas perspectivas do início do ano.
Assim destaca o relatório Panorama Econômico e Setorial 2025: atualização para o segundo trimestre, publicado recentemente pelo Serviço de Estudos da MAPFRE, MAPFRE Economics, que destaca esse aumento da incerteza quanto à trajetória de crescimento dos prêmios de seguros, da inflação e das taxas de juros de política monetária, além do aumento da volatilidade nos mercados financeiros.
Nos Estados Unidos, país que teve sua previsão de crescimento reduzida devido às últimas decisões em matéria de comércio de seu presidente, os prêmios de Não Vida devem crescer 3,5% neste ano e 3,3% no próximo, enquanto os de Vida crescerão 4,3% e 4,1%, respectivamente. Essas previsões representam uma queda significativa em relação ao relatório de três meses atrás, no qual se previa um aumento de 4,4% nos prêmios de Não Vida em 2025 e de 5,5% nos de Vida.
“Esta queda nas previsões se deve à possível desaceleração do consumo privado pela incerteza gerada pela guerra tarifária e algumas taxas de juros que o Banco Central (Fed) continua mantendo em território restritivo pelo temor de que as tarifas voltem a aumentar a inflação, o que pode levar a uma desaceleração da atividade seguradora”, destaca Ricardo González, diretor de Análise, Estudos Setoriais e Regulação da MAPFRE Economics.
Na zona do euro, as previsões indicam que a economia da Alemanha se estagnaria neste ano, e as da França e Itália aprofundariam seus fracos crescimentos, com revisões para baixo nas expectativas para a atividade seguradora desses mercados, embora se preveja uma leve aceleração no próximo ano, à medida que o Banco Central Europeu (BCE) continue o processo de flexibilização monetária diante de um cenário de inflação que continuará moderando.
Assim, os prêmios de Não Vida na Alemanha devem crescer 1,9% este ano, ante 2% previstos anteriormente, e os de Vida crescerão 2,3%. As previsões também foram reduzidas para a França e Itália em 2025: o país francês registrará uma melhoria de seus prêmios Não Vida de 2,2% e das de Vida de 2,9%, enquanto na Itália, o ramo de Não Vida verá seus prêmios aumentados em 2,2% e os de Vida em 2,7%.
A Espanha, por sua vez, continua sendo uma exceção, mantendo-se as previsões que indicam um crescimento econômico significativamente acima do resto das grandes economias da zona do euro, o que acarreta melhores perspectivas para seu setor segurador. Especificamente, a MAPFRE Economics espera um crescimento dos prêmios de Não Vida de 5,5% para este ano e de 4,6% para o próximo, enquanto a previsão para os de Vida é de 4,5% e 4,2%, respectivamente. As perspectivas quanto à rentabilidade continuam positivas em um ambiente de inflação em desaceleração e curvas de juros em queda, mas ainda com níveis e prêmios de prazo positivos.
Por outro lado, algumas das grandes economias emergentes deverão ser mais afetadas pelo atual contexto tarifário, como é o caso da economia mexicana, para a qual se espera uma desaceleração econômica maior do que a prevista no início do ano e um ambiente de crescimento econômico fraco, embora sem entrar em recessão, o que continua a desenhar um cenário de crescimento moderado para a atividade seguradora, superior ao crescimento do PIB.
As perspectivas de rentabilidade continuam positivas, tanto para os seguros de Não Vida quanto para os de Vida, em um cenário de taxas de juros reais positivas que devem continuar em queda com a inflação sob controle. Assim, a previsão da MAPFRE Economics é que este ano os prêmios de Não Vida melhorem 6,9% e os de Vida 4,8%.
Estima-se que outras economias emergentes, como Brasil e Turquia, sejam menos afetadas pela guerra tarifária, mantendo praticamente inalteradas as previsões de crescimento econômico feitas no início do ano, com aumentos significativos esperados para seus respectivos mercados seguradores, com o apoio adicional dos baixos níveis de penetração de seguros, típicos das economias emergentes, os quais representam um fator extra de impulso à demanda por seguros.
Além disso, espera-se que as receitas financeiras continuem contribuindo significativamente para a rentabilidade do setor segurador e para a atividade dos seguros de Vida vinculados à poupança, devido aos altos níveis das taxas de juros, que seguem sendo significativamente superiores às previsões de inflação.
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